Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
Em sua definição mais ampla essa condição afeta uma em cada 150 crianças. Descrito pela primeira vez em 1943, o autismo é marcado pela dificuldade de comunicação, de estabelecer interações sociais e por comportamentos monótonos e repetitivos. Até os anos 1980, autismo era considerado distúrbio adquirido por influência do ambiente. Alguns mais radicais chegavam a atribuir sua gênese aos suspeitos de sempre: os pais. Hoje, os especialistas consideram que a contribuição dos fatores genéticos esteja ao redor de 90%, sobrando para o ambiente apenas 10% da responsabilidade. Autismo é o distúrbio de neurodesenvolvimento em que a herança genética desempenha papel mais importante.
No passado, a falta de conhecimento sobre o autismo levou a que se afirmassem teorias segundo as quais o autismo era decorrente da frigidez da mãe ou da ausência do pai. Tais teorias, hoje em dia descartadas, trouxeram um grande prejuízo ao conhecimento do autismo, pois pais e mães de autistas, sentindo-se culpados pelo mal de seus filhos, procuravam negá-lo ou escondê-la. Este é um preconceito que ainda persiste em nossos dias, e que precisa ser combatido, para que se encontrem os caminhos adequados para o tratamento do autismo.
“Não se perde uma criança para o Autismo. Perde-se uma criança porque a que se esperou nunca chegou a existir. Isso não é culpa da criança autista que, realmente, existe e não deve ser o nosso fardo. Nós precisamos e merecemos famílias que possam nos ver e nos valorizar por nós mesmos, e não famílias que têm uma visão obscurecida sobre nós por fantasmas de uma criança que nunca viveu. Chore por seus próprios sonhos perdidos se você precisa. Mas não chore por nós. Estamos vivos. Somos reais. Estamos aqui esperando por você.” Jim Sinclair (autista) – Não chorem por nós – Discurso na Conferência Internacional de Autismo, Toronto, 1993.
Não existe um tratamento farmacológico específico para o autismo, mas para as condições associadas a ele. Com relação às intervenções terapêuticas são indicadas as multiprofissionais, incluindo acompanhamentos psicológicos, neurológicos, fisioterápicos, fonoaudiólogos, psiquiátricos, nutricionais, além de inúmeros métodos e técnicas terapêuticas que podem auxiliar no tratamento do autismo. Desta forma, é possível alcançar a diminuição significativa dos sintomas. A variedade de terapias, voltadas para o tratamento do autismo, se deve às diversas características que apresentam e à grande diferenciação na apresentação dos casos. Veremos que cada uma atende a uma necessidade específica. O melhor resultado não é obtido pela frequência de todas as terapias disponíveis. De nada adianta sobrecarregaremos os autistas com uma maratona de tratamentos. Os êxitos virão na medida em que se puder conciliar as necessidades do autista com as de sua família, sejam necessidades físicas, afetivas, sociais e financeiras.
Listamos alguns tratamentos necessários para o acompanhamento dos sintomas de autismo:
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Psicoterapia - tem um papel essencial nos tratamentos desses quadros e recomenda-se, principalmente, o uso de abordagem relacional, com ênfase no controle emocional, na modificação de comportamento e na resolução de problemas.
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Psiquiatra ou o neurologista - Diversos são os fatores que podem desencadear o autismo, dentre os quais se incluem o desequilíbrio nos sistemas neuroquímicos e fatores genéticos. Nesses casos, é essencial a administração de medicamentos que possam contribuir para a redução do sintoma de autismo. A prescrição desses medicamentos só pode ser realizada por médicos especialistas, tais como o psiquiatra ou o neurologista.
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Exame de sangue - Pelo menos uma vez por ano deve ser realizado a fim de verificar se está havendo impregnação dos medicamentos no organismo. Sempre peça esclarecimentos ao profissional diante dos remédios que forem prescritos.
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Odontologista - é muito frequente entre os autistas o ranger dos dentes, também chamado de bruxismo, que vai desgastando a dentição, podendo levar à eliminação de vários dentes, o que comprometerá a mastigação e a dentição definitiva, tornando-se necessária a utilização de placa para impedir o contato direto das arcadas superior e inferior, que deverá ser trocada periodicamente, conforme o reposicionamento da dentição.
O saber médico sempre considerou, por definição, o autismo como uma disfunção de longa duração, no qual seus portadores podem apresentar determinadas melhorias, mas nunca superar o autismo. Hoje, conta-se com um número significativo de relatos de indivíduos que apresentam nítidos sintomas de recuperação do autismo. São casos constatados de autistas em que marcantes sintomas, como a aparente impossibilidade da visão, da audição, da fala e fortes deficiências psicomotoras, foram totalmente superadas. É importante uma intervenção precoce, que permita que o processo de desenvolvimento seja apressado com a estimulação adequada.
Fonte:
Possíveis causas do autismo | Artigo | Drauzio Varella - Drauzio Varella (uol.com.br)
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